18 de jun. de 2008

Caos cotidiano

Ter sempre à mão livros, músicas, uma pitada de bom-humor e/ou disposição para puxar-papo com desconhecidos, são estratégias recomendáveis para que tem que enfrentar diariamente o congestionado trânsito de Salvador. Tema de conversas triviais à pautas jornalísticas a situação do tráfego soteropolitano pode gerar os mais diversos sentimentos, como stress ou um confortável (?) sentimento de pertencimento a uma grande metrópole, menos indiferença.

Avenidas movimentadas, engarrafamento e trânsito caótico já fazem parte da rotina do soteropolitano. Está cada vez mais difícil sair e voltar de casa sem notícias de stress com o trânsito. Esta, porém, é uma situação que aflige todas as grandes cidades brasileiras que acabaram crescendo mais rápido do que a capacidade de planejar.


Tecnicamente falando Salvador ainda não é uma cidade que sofre com grandes engarrafamentos como os de São Paulo, que chegam a mais de 150 km, e sim com retenções de trânsito, que são congestionamentos menores, cerca de 30 a 40 km. Para o assessor técnico de trânsito da Superintendência de Engenharia de Tráfego (SET) Ivo Nascimento o principal problema do tráfego na cidade são os constantes acidentes, já que esses põem em risco a vida das pessoas, e atrapalham o livre fluxo dos veículos. Outro problema citado como preocupante por Nascimento é o constante aumento da frota de veículos particulares que anualmente cresce 5% para carros e 17% para motos o que provoca um “inchasso” no trânsito, principalmente nos horários de pico (8h e 18)

O jornalista Tony Pacheco, ao contrário da maioria dos mortais, diz não se sentir incomodado com o tumultuado trânsito da capital baiana, pois vê nisso um sinal de avanço social, já que o inchaço de automóveis só é possível para uma cidade que vai bem com a economia. Pacheco tem razão quando fala do acesso a compra de carros novos, já que com a redução de alguns impostos e a flexibilização do pagamento, mais pessoas deixam os ônibus e passam a usar carros particulares. No entanto carros na mão de todos não é nem de longe a melhor solução para o tráfego de nenhuma cidade afirmam especialistas. A solução do problemas passa pela execução de políticas públicas planejadas e o funcionamento de um transporte de massa que eficaz e atraente o bastante a ponto de fazer o motorista deixar seu carro em casa.


A ineficácia do transporte público é uma das principais queixas dos usuários que ficam perdem tempo esperando por ônibus cheios, é o que conta a auxiliar de setor pessoal Marília Pereira que, certa vez, só conseguiu pegar seu ônibus( Massarandura/ Itaigara) depois de duas horas de espera. Também insatisfeito com o transporte público o pedreiro Cícero Conceição sugere a criação de linhas alternativas que fariam percurso em avenidas menos usadas da capital como a Luís Eduardo Magalhães.


Engarrafamento para todos os gostos- Sempre atenta as tendências mundias, Salvador aderiu a não só a moda de engarrafamentos de carros e ônibus e vem seguindo o exemplo de cidades reconhecidamente cosmopolitas como Tóquio e Nova Iorque no que tange o engarrafamento de pessoas. Um dos exemplos mais claros é o da passarela do Iguatemi que a cerca de dois anos teve seu acesso interditado por polícias por conta do emgarrafamento humano em toda a extensão da passarela.



Operação São João- é sabido que durante festas e feriados prolongados o número de acidentes costuma subir e para minimizar danos a Polícia Rodoviária Federal juntamente com a SET devem trabalhar em regime de plantão a fim de garantir a fluidez e segurança do trânsito de Salvador e das rodovias estaduais. A imprudência e a irresponsabilidade são apontadas com a maior causa de acidentes apontam os órgãos oficias que tem como um de suas armas o uso de multas.

O tema do último Profissão Repórter, programa jornalístico da Globo, foi sobre o aperto das grandes grandes cidades, mais especificamente, em São Paulo onde o metro quadrado do metrô chega a ser dividido por 9 pessoas. O caso é bastante ilustrativo para o caso de Salvador que apesar de ainda não ter, o tão sonhado metrô, já passa por apertos semelhantes nos ônibus. Acompahe a reportagem no vídeo abaixo.





Esta matéria faz parte de um série sobre os problemas do trânsito de Salvador, leia também os outros textos:

Cresce número de atropelamentos em Salvador

Trânsito e meio ambiente em Salvador

Falhas no transporte público de Salvador

15 de jun. de 2008

Prosas sobre a tecnologia



Gente, o texto abaixo é uma resenha que foi feita para a disciplina Tecnologia e Comunicação no 4º semestre do meu curso, acho cabível postá-lo aqui visto que é análise de uma obra audiovisual que dialoga com dois textos sobre globalização e novas tecnologias. Já que estamos em blog, nada mais a propósito.


Sobre a tecnologia e a globalização


Em um tempo de velocidade implacável e de urgência desvairada é raro um momento de análise. A sociedade ávida em satisfazer seu desejos e necessidades ,tende a se afastar (inconscientemente?) daquilo que retarda o seu ímpeto de consumir ou protele a extinção dos impulsos. Como não sobra tempo para refletir sobre a mídia e seu engajamento político-ideológico e acerca das conseqüências da influência que exerce na sociedade continuamos a consumir, sem sequer, olhar para os lados

O documentário sueco Surplus, revela de forma contundente os estragos causados pelo consumismo desenfreado ao meio ambiente e às relações humanas. Se forem mantidos os atuais padrões de produção e consumo, seremos cada vez mais manipulados, superficiais e avalistas de uma destruição sem precedentes dos recursos naturais não renováveis do planeta. Em oposição, ao quadro sombrio, os meios de comunicação apresentam o mundo atual como um espetáculo fugaz, estranho à realidade, e sem referencial. Ajuda a aprofundar as desigualdades, a idéia de que a pobreza é fruto da fatalidade e não mais a conseqüência da injustiça. Para tanto ignora-se o fato de que 20% da população é responsável pelo gasto de 80% de tudo o que é produzido.

A globalização e seus efeitos serve de tema nas discussões dos textos de Jesus Martín-Barbero e Guillermo Orozco-Gómez, expoentes dos estudos culturais, põem em pauta a comunicação as novas tecnologias e o mercado. Atentos a atuação das mídias na construção das identidades os autores põem a tecnologia como protagonista do processo.

Martín-Barbero inicia sua análise falando sobre a ingovernabilidade política, que a globalização neoliberal trouxe. Hoje nas fronteiras “abertas” a desconfiança é método, o que habilita a violação dos direito à privacidade e à liberdade como comportamento oficial das “autoridades”.Tal comportamento só agrava as tensões e preconceitos raciais, étnicos e religiosos. A partir daí a discussão introduz a dinâmica perversa da globalização: a criação de extremos. Surplus, dirigido por Erik Gandini, expõe a relação desigual e desajustada do sistema capitalista.

Em um mundo capitalista, tudo é dotado de capital, não poderia ser diferente com a comunicação, que está entrelaçada entre as fortes mudanças e as opacidades que vem da relação mercado X sociedade. “Nenhuma tecnologia chega a constituir-se como tal se não for rentável no mercado”, diz Orozco. Segundo este pensador a tecnologia informacional segue como motor principal das transformações que estamos presenciado. Deixa claro, no entanto, desde o início que as mudanças que estamos presenciando no campo da comunicação não se devem ao potencial tecnológico recente, mas, sim, à extensa presença das mídias e tecnologias nascidas na modernidade. Os valores de eficiência e competitividades mercantil sustentam e direcionam os avanços tecnológicos que são capazes de automatizar e desestabilizar, paulatinamente, estruturas sólidas.

Hoje consumismo e cidadania são quase sinônimos. Mesmo não concordando com o discurso utópico (e por vezes tentador) de Jon Zergan que prega práticas neoluditas como saída para o caos social, “soluções, só à força”. Sobriamente cabe a nós regular a relação entre desejo e necessidade considerando o bem estar do outro, bem como do planeta ainda se faz um caminho lúcido e talvez conciliador.
SURPLUS


Essa é a primeira parte, o documentario foi dividido em 10 partes e todas podem ser encontradas no link do próprio vídeo no youtube.

8 de jun. de 2008

Olhares Culturais


CULTURA POPULAR NORDESTINA

Estão abertas, até 14 de junho, as inscrições para o concurso fotográfico Um olhar sobre a cultura popular nordestina. O concurso tem o objetivo de valorizar a tradição cultural da região e incentivar a arte da fotografia entre jovens amadores ou profissionais. Os trabalhos inscritos devem retratar aspectos como história, culinária, crenças, costumes, danças, gente, artesanato e lugares. As dez melhores fotos serão premiadas. Edital, inscrição e outras informações no site do concurso Olhar Cultural

7 de jun. de 2008

Nem tudo são Flores


Pois é, os últimos posts mostraram algumas iniciativas legais do terceiro setor e também do estado na área da educação utilizando ferramentas audiovisuais como suporte. Mas mem tudo são flores diz o coordenador geral da TV Escola, Érico da Silveira. Acompanhe as principais dificuldades encontradas pelo canal educativo no texto abaixo:
"Faltam conteúdos educacionais"

O canal TV Educativa está tendo dificuldades para comprar conteúdos para sua programação. O coordenador geral da TV Escola, Érico da Silveira, diz que uma das barreiras é encontrar conteúdos educacionais para a programação. "Geralmente o que nos oferecem são animações que pouco ou nada agregam ao conteúdo pedagógico. Não queremos conteúdos apenas educativos. Precisamos de conteúdos que se alinhem com as grades curriculares das escolas e que sirvam como upgrade de conhecimento para os professores", explica Silveira. Segundo ele, o canal busca conteúdos que abordem História, Matemática, Língua Portuguesa, Ciências, Meio-Ambiente e Geografia, ou mesmo que falem do dia-a-dia dentro da escola. "Uma das lacunas são documentários ou programas que debatam a educação. Há pouca produção sobre isso e, em geral, precisamos encomendar", revela.

O formato é outro ponto importante para a TV Escola. "Preferimos séries de vídeos curtos, de sete a 10 minutos, que é o tempo ideal para ser exibido em sala de aula; mas este é um formato incomum, que não chega a ocupar um slot de programação e nem sequer é um programete", pondera o coordenador.

3 de jun. de 2008

Ver... O quê?


Pesquisas revelam que brasileiros gostam mais de ver do que ler. Objeto de desejo da maioria das famílias os aparelhos de televisão vendem aos milhões e a maioria das compras é feita por quem já tem um aparelho em casa, mas quer adquirir um melhor. O curioso, trágico, ou apenas dado cultural é que com o valor uma tv, o pagante poderia comprar uma pequena biblioteca já com estante e tudo.

Talvez pensando nessa preferência nacional é que foi criada a TV Anísio Teixeira. Transmitida via satélite para alunos dos 600 maiores colégios estaduais da Bahia, a Tv tem o objetivo de auxiliar no aprendizado de uma forma mais dinâmica e lúdica, sem contudo perder o foco educacional. Nada mais a propósito, afinal em um mundo cada vez mais congestionado de imagens e sons os alunos da rede pública de ensino se inquietam com um formato educacional estático e impermeável as mudanças.

De acordo com os planos do Estado a expectativa é que até 2010 todas as 1.750 escolas da rede estadual estejam equipadas com as antenas parabólicas que permitiram o sinal para receber a grade que inclui programas educativos e produtos voltados para a capacitação e o aperfeiçoamento dos professores. Com a abertura da transmissão digital na Bahia, prevista até o começo de 2009, o projeto poderá contar com a transmissão aberta transmitida por um dos quatro canais da TVE.

Este projeto foi inspirado na TV Paulo Freire, criada no Paraná. O Instituto Anísio Teixeira coordenador da iniciativa na Bahia, já assinou um convênio de cooperação e transferência de tecnologia com a TV freriana. Resta a nós, pobres mortais, torcer e cobrar para que projetos como estes não fiquem apenas nos Diários Oficias e nos planos do estado e sejam efetivamente concretizados, só assim a Bahia vai conseguir, o seu tão almejado, lugar de destaque.