15 de jun. de 2008

Prosas sobre a tecnologia



Gente, o texto abaixo é uma resenha que foi feita para a disciplina Tecnologia e Comunicação no 4º semestre do meu curso, acho cabível postá-lo aqui visto que é análise de uma obra audiovisual que dialoga com dois textos sobre globalização e novas tecnologias. Já que estamos em blog, nada mais a propósito.


Sobre a tecnologia e a globalização


Em um tempo de velocidade implacável e de urgência desvairada é raro um momento de análise. A sociedade ávida em satisfazer seu desejos e necessidades ,tende a se afastar (inconscientemente?) daquilo que retarda o seu ímpeto de consumir ou protele a extinção dos impulsos. Como não sobra tempo para refletir sobre a mídia e seu engajamento político-ideológico e acerca das conseqüências da influência que exerce na sociedade continuamos a consumir, sem sequer, olhar para os lados

O documentário sueco Surplus, revela de forma contundente os estragos causados pelo consumismo desenfreado ao meio ambiente e às relações humanas. Se forem mantidos os atuais padrões de produção e consumo, seremos cada vez mais manipulados, superficiais e avalistas de uma destruição sem precedentes dos recursos naturais não renováveis do planeta. Em oposição, ao quadro sombrio, os meios de comunicação apresentam o mundo atual como um espetáculo fugaz, estranho à realidade, e sem referencial. Ajuda a aprofundar as desigualdades, a idéia de que a pobreza é fruto da fatalidade e não mais a conseqüência da injustiça. Para tanto ignora-se o fato de que 20% da população é responsável pelo gasto de 80% de tudo o que é produzido.

A globalização e seus efeitos serve de tema nas discussões dos textos de Jesus Martín-Barbero e Guillermo Orozco-Gómez, expoentes dos estudos culturais, põem em pauta a comunicação as novas tecnologias e o mercado. Atentos a atuação das mídias na construção das identidades os autores põem a tecnologia como protagonista do processo.

Martín-Barbero inicia sua análise falando sobre a ingovernabilidade política, que a globalização neoliberal trouxe. Hoje nas fronteiras “abertas” a desconfiança é método, o que habilita a violação dos direito à privacidade e à liberdade como comportamento oficial das “autoridades”.Tal comportamento só agrava as tensões e preconceitos raciais, étnicos e religiosos. A partir daí a discussão introduz a dinâmica perversa da globalização: a criação de extremos. Surplus, dirigido por Erik Gandini, expõe a relação desigual e desajustada do sistema capitalista.

Em um mundo capitalista, tudo é dotado de capital, não poderia ser diferente com a comunicação, que está entrelaçada entre as fortes mudanças e as opacidades que vem da relação mercado X sociedade. “Nenhuma tecnologia chega a constituir-se como tal se não for rentável no mercado”, diz Orozco. Segundo este pensador a tecnologia informacional segue como motor principal das transformações que estamos presenciado. Deixa claro, no entanto, desde o início que as mudanças que estamos presenciando no campo da comunicação não se devem ao potencial tecnológico recente, mas, sim, à extensa presença das mídias e tecnologias nascidas na modernidade. Os valores de eficiência e competitividades mercantil sustentam e direcionam os avanços tecnológicos que são capazes de automatizar e desestabilizar, paulatinamente, estruturas sólidas.

Hoje consumismo e cidadania são quase sinônimos. Mesmo não concordando com o discurso utópico (e por vezes tentador) de Jon Zergan que prega práticas neoluditas como saída para o caos social, “soluções, só à força”. Sobriamente cabe a nós regular a relação entre desejo e necessidade considerando o bem estar do outro, bem como do planeta ainda se faz um caminho lúcido e talvez conciliador.
SURPLUS


Essa é a primeira parte, o documentario foi dividido em 10 partes e todas podem ser encontradas no link do próprio vídeo no youtube.

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